Reciclagem Automotiva, Peças Usadas e Combate aos Desmanches Clandestinos: Oportunidades e Desafios para o Brasil
- checkprice2020
- Sep 17
- 3 min read

O mercado automotivo brasileiro vive um momento crucial de transformação, impulsionado pela necessidade de sustentabilidade, eficiência econômica e conformidade com legislações ambientais. Um dos segmentos que mais se destaca nesse cenário é o da reciclagem automotiva e peças usadas certificadas, que ganha fôlego frente ao combate aos desmanches clandestinos e ao aumento dos custos de reposição de peças novas.
Stellantis e a liderança em economia circular
Em 2025, a Stellantis inaugurou em Osasco (SP) seu segundo centro de desmontagem veicular no mundo, repetindo o modelo de sucesso implantado em Turim, na Itália. O Centro de Desmontagem Veicular Circular Autopeças tem capacidade para desmanchar até 8 mil carros por ano, priorizando o reaproveitamento de componentes com alto padrão de qualidade e rastreabilidade.
Entre as peças disponíveis, destacam-se faróis, retrovisores, bancos, volantes, kits multimídia, rodas, motores e caixas de câmbio. Todos os itens são identificados com código de barras e certificados pelo Detran-SP, garantindo origem legal e segurança para o consumidor. Motores e câmbios com potencial de reuso são enviados para empresas parceiras para remanufatura.
Segundo a Stellantis, o reaproveitamento de peças pode evitar a emissão de até 30 mil toneladas de CO₂ por ano, um dado significativo em termos de impacto ambiental positivo. Além disso, as peças certificadas devem custar em média 50% menos que uma nova, com vantagens econômicas para consumidores e frotistas.
O problema dos desmanches clandestinos e o desafio da regularização
Apesar dos avanços, o Brasil ainda enfrenta um grande desafio: dos 2 milhões de veículos que saem de circulação anualmente, apenas 1,5% tem destinação adequada. Isso significa que a imensa maioria é absorvida por um mercado paralelo, sem rastreabilidade, controle de qualidade ou regularização ambiental.
Esses desmanches clandestinos operam à margem da lei e colocam em risco tanto o consumidor quanto o meio ambiente. Componentes como airbags, freios e sistemas elétricos podem ser revendidos sem qualquer inspeção técnica, alimentando o ciclo de acidentes e fraudes.
Legislação: o que diz a lei
Desde 2014, o Programa de Desmanche Legal, instituído pela Lei Federal 12.977, regulamenta a atividade de desmontagem e venda de peças usadas. A legislação exige:
• Cadastro da empresa junto aos Detrans estaduais;
• Emissão de nota fiscal eletrônica de cada peça vendida;
• Rastreabilidade das peças por meio de sistema informatizado;
• Armazenamento correto de fluídos e descarte ambientalmente adequado.
Entretanto, a fiscalização ainda é falha, o que facilita a atuação de empresas clandestinas e dificulta o crescimento do setor legalizado.
Sustentabilidade e economia circular
O reaproveitamento de peças é um dos pilares da economia circular. Ao prolongar a vida útil de componentes e reduzir a extração de recursos naturais, o setor automotivo pode contribuir significativamente para a redução de emissões e dos volumes de resíduos gerados.
A própria desmontagem dos veículos segue protocolos de separação de materiais, coleta de fluidos (óleo, arrefecimento, combustível) e reclassificação das peças. Peças com nota abaixo de 5 (numa escala de 0 a 9) são descartadas ou enviadas para reciclagem.
Oportunidades de mercado
O setor de peças usadas pode movimentar R$ 2 bilhões por ano no Brasil, segundo estimativas. Com a digitalização, plataformas de e-commerce começam a disponibilizar catálogos completos de peças certificadas, democratizando o acesso e profissionalizando a revenda.
Para frotistas, oficinas e seguradoras, o acesso a peças recondicionadas e com garantia de origem representa redução de custos e agilidade no reparo.
Como a Checkprice contribui
A Checkprice, maior base de dados veiculares do país, atua no cruzamento de informações de origem, sinistralidade e regularização de veículos, colaborando com frotistas, locadoras, oficinas e sistemas de gestão.
Com isso, a Checkprice ajuda empresas a se protegerem do risco de adquirir componentes de origem duvidosa, promovendo a segurança, o compliance e a eficiência operacional.
Fontes: Stellantis, Valor Econômico, Senatran, Detran-SP, Portal do Governo Federal
Igor Kalassa, Marketing Checkprice



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