O brasileiro está pouco acostumado a viajar de carro como faz em outros países em viagens internacionais, alugando um carro de passeio ou por trilhas num 4x4.
Essa realidade é muito possível mesmo, pois, em grandes destinos no sul do Brasil, como o Litoral Catarinense, Serra Catarinense, Serra Gaúcha, Grande Lagos e até destinos como o Uruguai, é possível viajar com segurança pelas estradas totalmente duplicadas, como as BR 116 e BR 101. Um mineiro, um carioca, um mato-grossense, um paulista ou paranaense pode pegar uma estrada sem medo e sem se “aventurar” como antigamente.
Policiadas, seguras e movimentadas, essas estradas estão cada vez mais sendo usadas por turistas em busca das muitas oportunidades que este país oferece em sua beleza natural e visuais deslumbrantes.
A Serra do Rio do Rastro, toda recuperada, é um exemplo de quanto os brasileiros não conhecem destinos como São Joaquim, Urubici, Bento Gonçalves e Gramado/Canela, com vinícolas de altíssima qualidade, que não deixam o enoturismo atrás de nenhum país da Europa, como Napa Valley, Mendoza ou Uruguai.
Por que ainda as estradas colocam tanto medo em seus letreiros e avisos de “risco de acidentes” nessas duas grandes vias de acesso ao paraíso de turistas de todo o Brasil?
A frota brasileira está repleta de veículos sem condições de uso. Portanto, os moradores locais que usam seus veículos para se locomover regionalmente, mesmo que entre bairros de um mesmo município para o outro ou de uma praia para outra a trabalho, é o grande problema. Esses veículos, comercializados em “lojistas”, encontram-se entre 15 a 25 anos de uso sem fiscalização para venda.
Não existe uma centralização do SENATRAN para fiscalizar essa comercialização, motivando que cada qual circule livremente nessas estradas e seja o motivo dos maiores índices de acidentes de trânsito em retornos, passagens de nível e cruzamentos nas BR 116 e 101. São inúmeros problemas entre falhas mecânicas, estruturas deterioradas por ferrugem, excesso de passageiros e principalmente falta de segurança, como airbags de linha. Este último, obrigatório desde 2014 pelo CONTRAN, já são 10 anos, mesmo assim a frota média brasileira já ultrapassa os 12 anos em 2024.
Radares e postos da PRF não faltam nas estradas; no entanto, muito pouca fiscalização está imposta pela PRF para verificar um farol queimado, suspensões e amortecedores fora do vencimento, pneus abaixo do WTI, quantidade de ocupantes e veículos sem a menor condição rodando livremente nessas estradas. Radares não detectam veículos sem condições de uso; apenas tentam manter as “estradas mais seguras”. Isso não vale para esses veículos justamente porque não possuem condições de rodar na velocidade de 110 km/hora e muitas vezes na mão esquerda da rodovia.
Campanhas educacionais no trânsito são um dever do Estado, bem como das concessionárias que administram as estradas. No entanto, não verifiquei em mais de 2.000 km rodados nenhum aviso nos inúmeros letreiros que estimule o proprietário a cuidar da segurança de sua família, mantendo seu veículo dentro dos padrões exigidos pela CNT, DNIT e ANTT para veículos leves, pesados e superpesados circularem livremente.
O Brasil é, sem dúvida, o país do turismo, com muitas histórias e tradições no Sul de imigrantes europeus que colonizaram essas terras, proporcionando muita comida boa, estradas impecáveis, um povo hospitaleiro e uma paisagem que nada deixa a desejar às da Europa e dos EUA. Precisamos entender que a frota mais nova pode atingir a velocidade imposta pelas modernas estradas instaladas no Brasil, pois estão “acelerando” em seus potentes e econômicos motores turbo compressores ou mesmo aspirados, proporcionando mais segurança e economia de combustível em detrimento de milhares de veículos sem a mesma tecnologia e incapazes de atingir esses limites com segurança aos condutores e familiares. Portanto, não se trata de preconceito, mas de uma constatação: todos os acidentes que verifiquei, no mínimo, existia um desses milhares entre os acidentes mais graves.
Roberto Bottura CEO da Checkprice Soluções Tecnológicas LTDA.
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