A recente decisão do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, de vetar o projeto de lei que isentaria donos de carros elétricos do pagamento de IPVA trouxe à tona discussões importantes sobre a matriz energética brasileira e as escolhas em torno de veículos mais sustentáveis.
O projeto de lei, aprovado pela Assembleia Legislativa, tinha como objetivo incentivar o uso de veículos menos poluentes no estado. No entanto, o governador alegou que a proposta "está em descompasso com o vigor da produção do etanol e com as perspectivas de utilização do biometano produzido no Estado". Essa ação de veto foi acompanhada de outra proposta, encaminhada em caráter de urgência, que busca isentar do IPVA exclusivamente os veículos a hidrogênio e híbridos com motor elétrico ou a combustão que utilizem alternativa ou exclusivamente etanol.
Essa decisão abre uma discussão crucial sobre a matriz energética brasileira. O Brasil tem vantagens competitivas em relação a combustíveis mais limpos. O etanol, por exemplo, produzido a partir da cana-de-açúcar, é um combustível que reduz, em média, 89% das emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (NO2), quando comparado com a gasolina, de acordo com dados da Agência Internacional de Energia (IEA).
O Brasil também conta com uma matriz de energia que se baseia fortemente em fontes renováveis, como as hidroelétricas. Isso poderia favorecer a adoção de veículos elétricos, pois a produção de energia mais limpa é essencial para o funcionamento desses carros. No entanto, surgem questionamentos sobre a necessidade de uma mudança tão abrupta quando o país já está tomando medidas eficazes para reduzir a pegada de carbono.
Um ponto fundamental a ser considerado é a infraestrutura necessária para a adoção em larga escala de veículos elétricos. O Brasil não possui fábricas de baterias em grande escala, e questões relacionadas à durabilidade e reciclagem dessas baterias permanecem em aberto. Além disso, a transição para uma frota majoritariamente elétrica exigiria um investimento massivo em infraestrutura de carregamento, algo que pode ser economicamente desafiador.
Já dados recentes das exportações Paulistas indicam que 37% das exportações advêm da indústria Sucro-alcooleira. Isso mostra a pujança de um mercado que nos anos 80 as montadoras instaladas no Brasil desenvolveram a tecnologia a combustão pelo Etanol e hoje o carro FLEX é uma realidade em todos os veículos de passeio de baixa potência. Caso do Prius da Toyota, esse modelo da marca poderia se adaptar facilmente se utilizarem motores a combustão no modelo FLEX fluel.
O veto de Tarcísio de Freitas, portanto, levanta questões essenciais sobre o caminho a seguir para a mobilidade sustentável no Brasil. Será que a transição para veículos elétricos é a única opção, ou podemos melhorar ainda mais o desempenho e a eficiência de nossas tecnologias existentes? Essas são questões complexas e merecem uma reflexão profunda, considerando os benefícios ambientais e econômicos a longo prazo em cada região geográfica.
As montadoras precisam avaliar melhor o potencial energético de cada região do planeta para adaptar suas plantas ao modelo que mais se adequa a região que deseja atuar, só assim conseguiremos otimizar a capacidade desses veículos utilizarem energia limpa para melhorar as emissões de CO2.
Em última análise, o debate sobre o uso de carros elétricos no Brasil é um reflexo de uma discussão global sobre como equilibrar as necessidades de mobilidade com a sustentabilidade ambiental. É uma questão importante que continuará a evoluir à medida que novas tecnologias e ideias surgirem para moldar o futuro da mobilidade no Brasil e em todo o mundo.
Fonte Cacex – exportações em setembro/23
Igor Kalassa
4life Marketing
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