No último domingo, Javier Milei, renomado economista do partido A Liberdade Avança, emergiu como vencedor das eleições presidenciais na Argentina, sucedendo o peronista Alberto Fernández. Este resultado tem implicações significativas para as relações comerciais entre Argentina e Brasil.
A Associação de Comércio Exterior do Brasil estima que, sem a crise cambial na Argentina, o Brasil poderia aumentar suas exportações em até 40% para o país vizinho. A escassez de dólares tem atrasado pagamentos, levando empresas brasileiras a reconsiderar suas vendas.
Argentina e Brasil são parceiros comerciais cruciais. Para o Brasil, a Argentina figura como o terceiro maior destino de exportações, superado apenas pela China e Estados Unidos. No caso argentino, o Brasil lidera como principal destino de suas vendas externas.
Em 2022, o Brasil exportou expressivos US$ 15,3 bilhões para a Argentina, equivalendo a 4,5% de todas as exportações brasileiras. Esse intercâmbio resultou em um saldo positivo para a balança comercial nacional, totalizando US$ 2,21 bilhões.
A estabilização da macroeconomia argentina representaria um ganho considerável para o Brasil, abrindo um mercado crucial para as exportações de produtos industrializados. A Argentina historicamente tem sido o principal receptor desses produtos brasileiros.
Além disso, empresas globais como Fiat, Volkswagen, Ford, Iveco, General Motors, entre outras, mantêm presença significativa na Argentina. A possível mudança nas políticas do presidente eleito pode influenciar a cadeia automobilística no Brasil, com a oferta de isenções e benefícios fiscais. Fato que a Ford fechou suas unidades no Brasil para importar seus produtos Argentinos. Esse comercio já foi muito mais pujante quando a Argentina era responsável pela venda de boa parte dos Sedans comercializados no Brasil, o Corsa Sedan e o Siena.
Fomos muito mais parceiros no passado que hoje somos na indústria Automotiva, nas transferências de tecnologia, conhecimento e automação de plantas e no Just in Time de peças pela instalação de plantas de diversos fornecedores brasileiros.
Nos anos 2000 os investimentos para a revitalização do parque das Montadoras em Córdoba puderam suprir esse momento de crescimento do mercado automobilístico até 2013. Foi uma Década de Ouro para essa parceria e a esperamos com a eleição de Milei retomaremos esse comércio bilateral, por se tratar de um mercado de alto valor agregado para os dois Países.
Diante desse cenário, as futuras decisões econômicas e comerciais na Argentina sob a liderança de Milei certamente moldarão a dinâmica das relações bilaterais. A estabilidade macroeconômica no país vizinho não apenas beneficia as exportações brasileiras, mas também promete impactar setores estratégicos, como o automotivo, com possíveis mudanças nas políticas que afetam empresas globais presentes na região.
Igor Kalassa
4life Marketing
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