No Brasil, o etanol é mais do que um combustível alternativo; é uma peça fundamental na transição para uma economia global de baixo carbono e menor impacto ambiental. Com sua capacidade de reduzir em até 80% as emissões de gases de efeito estufa em comparação com a gasolina, o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar desempenha um papel crucial na mitigação das mudanças climáticas.
Atualmente, o teor de etanol misturado à gasolina pode variar de 18% a 27,5%, proporcionando uma opção mais sustentável aos consumidores. No entanto, abastecer com etanol torna-se mais vantajoso quando seu preço representa até 70% do valor da gasolina.
Recentemente, a Câmara aprovou um texto que propõe a inclusão de 35% de etanol na gasolina, sinalizando um passo importante na promoção do consumo desse biocombustível. A medida aguarda avaliação do Senado, o que poderia potencializar ainda mais a adoção do etanol como alternativa aos combustíveis fósseis.
Uma questão intrigante que surge é por que não se implementa um programa de impostos reduzidos para carros movidos exclusivamente a álcool? Embora o uso de carros flexíveis permita aos motoristas escolher entre gasolina e etanol, muitas vezes a conveniência ou o custo levam à preferência pela gasolina, relegando a sustentabilidade a um segundo plano.
No passado, o Brasil viu a existência de carros 100% a álcool, substituídos posteriormente pelos flex. A opção por motores exclusivamente a álcool, já disponíveis em algumas fábricas brasileiras, poderia não apenas reduzir custos de produção, mas também alinhar-se com uma visão mais sustentável e ecologicamente responsável.
A história do carro movido a álcool no Brasil é marcada por pioneirismo e desafios. O contexto da Primeira Guerra Mundial impulsionou o uso do álcool como combustível alternativo, com a Ford adaptando seus modelos T para funcionar com álcool.
A década de 1970 marcou um ponto de virada com a crise global do petróleo, levando o governo brasileiro a lançar o Programa Nacional de Produção de Álcool (PROÁLCOOL) em 1975. Isso impulsionou a produção e consumo de etanol em larga escala, resultando em uma frota de mais de 3 milhões de carros movidos a álcool até 1979.
No entanto, desafios como instabilidade econômica e competitividade com a gasolina marcaram o período entre as décadas de 1980 e 1990. A partir dos anos 2000, novas tecnologias, como os carros flex, renovaram o interesse pelo etanol como alternativa sustentável, apesar de desafios persistentes como a volatilidade dos preços do petróleo.
Hoje, o carro movido a álcool destaca-se como uma opção mais sustentável, com potencial para inovações tecnológicas que impulsionam a mobilidade verde. Enquanto desafios persistentes como a volatilidade dos preços do petróleo e a necessidade de infraestrutura adequada permanecem, o futuro dessa tecnologia parece promissor na busca por um mundo mais limpo e sustentável.
Em um cenário ideal, um estímulo governamental, como a redução de impostos para carros exclusivamente a álcool, poderia catalisar ainda mais essa transição, contribuindo significativamente para a redução das emissões e o controle da poluição, além de impulsionar a economia verde do país.
Igor Kalassa
Marketing Checkprice.
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