Juros altos e inflação em alta: o que esperar do mercado interno de automóveis?
- checkprice2020
- 21 hours ago
- 3 min read

Nos últimos meses, o Brasil tem enfrentado um cenário econômico desafiador: juros elevados, inflação persistente, custos crescentes para as empresas e uma nova onda de incertezas no comércio internacional. O setor automotivo, altamente sensível ao crédito e aos custos de produção, está no centro dessas transformações.
Selic elevada por mais tempo: menos crédito e maior seletividade
Com o Banco Central sinalizando que a taxa Selic pode permanecer em patamar elevado por mais tempo — diante de uma inflação “acordada” e riscos fiscais — o impacto sobre o crédito automotivo é direto. Juros altos encarecem o financiamento, afetam a confiança do consumidor e reduzem a capacidade de compra, especialmente em um setor onde mais de 70% das vendas de veículos novos dependem de financiamento.
Segundo dados da Fenabrave, o volume de emplacamentos em 2024 já mostra uma desaceleração no ritmo de crescimento, e a tendência é de maior seletividade nas aprovações de crédito em 2025. Isso penaliza principalmente os veículos de entrada e os usados com maior quilometragem, que historicamente dependem de públicos com menor poder aquisitivo e maior risco de inadimplência.
Inflação e custos de produção em alta: repasse inevitável?
Embora a inflação ao consumidor esteja abaixo dos picos de 2022, a inflação de custos segue pressionada. Matérias-primas, logística, energia e peças importadas vêm encarecendo a produção nacional. Ao mesmo tempo, o real instável e os reajustes salariais elevam o custo das operações locais.
Montadoras e fornecedores estão sendo obrigados a rever seus preços, e os repasses ao consumidor final são, em muitos casos, inevitáveis. A consequência? Um mercado ainda mais pressionado no segmento de 0 km — com os modelos de entrada ultrapassando facilmente a faixa dos R$ 90 mil.
Comércio internacional e tarifas: novas regras, novos desafios
Além das variáveis domésticas, o setor automotivo brasileiro encara um novo desafio internacional: a revisão de tarifas globais, principalmente sobre veículos elétricos e tecnologias limpas. As tensões comerciais entre EUA, União Europeia e China estão redefinindo cadeias de fornecimento e exigindo posicionamentos mais claros do Brasil.
Enquanto isso, o Mercosul debate novas regras de origem, e o governo brasileiro já sinalizou interesse em proteger o setor nacional diante da entrada agressiva de veículos chineses. Para as empresas locais, isso pode representar um alívio temporário — mas também a necessidade urgente de investir em eficiência, tecnologia e diferenciação.
Tendências para 2025 e além: um mercado mais lento, mas mais qualificado
Diante desse cenário, o mercado interno de automóveis deve continuar crescendo de forma modesta e desigual. Os segmentos mais afetados tendem a ser:
Veículos populares e de entrada, que sofrem com o encarecimento do crédito;
Modelos 0 km com baixo valor agregado, que perdem competitividade frente aos seminovos em bom estado;
Montadoras com pouca nacionalização de peças, pressionadas pelo dólar e pela instabilidade logística.
Por outro lado, há oportunidades:
Veículos híbridos e elétricos com incentivos fiscais ou produção nacionalizada;
Vendas diretas, B2B e frotas corporativas, que oferecem maior previsibilidade;
Plataformas digitais e análise de dados (como a CheckPrice), que ajudam a detectar outliers, mitigar riscos e otimizar margens.
Conclusão
O Brasil entra em um novo ciclo de juros altos, inflação reativa e reestruturação comercial global. Para o setor automotivo, isso significa menos volume, mais disputa e maior exigência por eficiência.
Em tempos incertos, dados confiáveis, inteligência de mercado e compliance regulatório tornam-se aliados estratégicos. É nesse contexto que a CheckPrice oferece soluções robustas para avaliação de risco, monitoramento de preços e gestão de ativos automotivos em todo o Brasil.
Igor Kalassa, Marketing Checkprice
Comments