
O mercado automotivo apresenta diferenças significativas entre regiões, especialmente quando analisamos o ciclo de venda e a desvalorização dos veículos nos Estados Unidos, Europa e Brasil. Enquanto nos mercados mais desenvolvidos os carros perdem valor rapidamente e são substituídos com maior frequência, no Brasil a dinâmica é diferente, o que impacta diretamente o preço dos usados.
Estados Unidos
Nos EUA, as vendas de veículos novos atingiram cerca de 15,5 milhões de unidades em 2023. A vida útil média dos automóveis é de aproximadamente 12 anos, e a desvalorização segue um padrão acelerado:
• No primeiro ano, um carro novo perde cerca de 20% do seu valor.
• Após cinco anos, a desvalorização pode chegar a 60%.
• Com 10 anos de uso, a perda acumulada pode ultrapassar 80%, tornando esses veículos extremamente baratos no mercado de usados.
Esse fenômeno se deve à alta renovação da frota e à grande oferta de veículos novos, incentivada por taxas de juros menores e condições favoráveis de financiamento.
Europa
A Europa segue um padrão semelhante ao dos EUA, mas com algumas particularidades. Em mercados como Alemanha, França e Reino Unido, a troca de carros também acontece rapidamente, e a desvalorização é igualmente acentuada:
• No primeiro ano, a perda média de valor é de 25% a 30%.
• Após cinco anos, o carro pode valer menos da metade do preço original.
• Com 10 anos de uso, a desvalorização chega a 90% ou mais, dependendo do modelo.
No entanto, na Europa, a revenda de veículos usados é altamente regulamentada e incentivada, garantindo que muitos carros em bom estado ainda sejam comercializados com preços reduzidos.
Brasil
O Brasil tem um comportamento distinto. Em 2023, o mercado registrou 2,5 milhões de carros novos vendidos, enquanto o segmento de usados movimentou aproximadamente 15,5 milhões de unidades. Isso reflete uma frota mais antiga e a menor renovação dos veículos.
A desvalorização também ocorre, mas de forma muito mais lenta:
• Um carro novo perde cerca de 10% a 15% no primeiro ano.
• Após cinco anos, a desvalorização pode ficar entre 30% e 40%, bem menor do que nos EUA e na Europa.
• Com 10 anos de uso, os veículos ainda mantêm um valor considerável, muitas vezes sendo vendidos por 50% do preço original ou mais, dependendo do modelo e da demanda.
Essa diferença se explica pelo custo elevado dos carros novos no Brasil, a dificuldade de acesso ao crédito e a alta tributação, que fazem com que os consumidores valorizem mais os veículos usados. Além disso, muitos modelos populares mantêm um bom valor de revenda devido à confiabilidade mecânica e à demanda constante no mercado de segunda mão.
Conclusão
A comparação entre os mercados automotivos mostra que, enquanto nos EUA e na Europa os carros perdem valor rapidamente e são descartados mais cedo, no Brasil os veículos se mantêm valorizados por mais tempo. Isso torna os carros usados brasileiros significativamente mais caros do que os equivalentes no exterior, mesmo quando já têm uma década de uso.
Essa diferença reforça a importância de considerar o custo de desvalorização na hora da compra, pois, embora os preços dos veículos novos sejam altos no Brasil, o mercado de seminovos pode oferecer boas oportunidades para quem busca menor perda de valor ao longo dos anos.
Roberto Bottura CEO Checkprice
Fontes consultadas:
• U.S. Bureau of Transportation Statistics (BTS)
• National Automobile Dealers Association (NADA)
• European Automobile Manufacturers Association (ACEA)
• Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA)
• Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (FENABRAVE)
• Dados do mercado automotivo brasileiro de 2023
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